Estudando a Lição
Lições Bíblicas CPAD

Jovens e Adultos

 

1° Trimestre de 2013

 

Titulo: Elias e Eliseu - Um ministério de Poder para toda a igreja 

Comentarista : José Gonçalves

 

 

 

O currículo de Escola Dominical CPAD é um aprendizado que acompanha toda a família.

A cada trimestre,um reforço espiritual para aqueles que desejam edificar suas vidas

na Palavra de Deus. Neste 1º trimestre as revistas Lições Bíblicas da CPAD terá como 

tema: Elias e Eliseu Um Ministério de Poder para toda a Igreja.
Comentário: José Gonsalves 
Consultor Doutrinário e Teológico: Pr. Antonio Gilberto 

Sumário
Lição 1 - A Apostasia no Reino de Israel
Lição 2 - Elias, o Tisbita
Lição 3 - A Longa Seca Sobre Israel
Lição 4 - Elias e os Profetas de Baal
Lição 5 - Um homem de Deus em Depressão
Lição 6 - A Viúva de Sarepta
Lição 7 - A Vinha de Nabote
Lição 8 - O Legado de Elias
Lição 9 - Elias no Monte da Transguração
Lição 10 - Há um Milagre em Sua Casa
Lição 11 - Os Milagres de Eliseu
Lição 12 - Eliseu e a Escola dos Profetas
Lição 13 - A Morte de Eliseu
 

 

 

 

 

 

Lição 1

 

 

 

A apostasia no Reino de Israel

Data: 6 de Janeiro de 2013

 

TEXTO ÁUREO

 

E sucedeu que (como se fora coisa leve andar nos pecados

de Jeroboão, filho de Nebate), ainda tomou por mulher a

Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidônios; e foi, e serviu a Baal,

e se encurvou diante dele” (1 Rs 16.31).

 

VERDADE PRÁTICA

 

A apostasia na história do povo de Deus é um perigo real e

não uma mera abstração. Por isso, vigiemos.

 

HINOS SUGERIDOS

 

75, 212, 305.

 

LEITURA DIÁRIA

 

Segunda - Hb 6.4,5,6

A apostasia como um perigo real

 

 

Terça - 1 Tm 4.1

A apostasia possui seus agentes

 

 

Quarta - 2 Ts 2.3,12

A apostasia está sujeita ao juízo divino

 

 

Quinta - Hb 3.12

A apostasia afasta o homem de Deus

 

 

Sexta - At 1.25

A apostasia exemplificada

 

 

Sábado - Hb 6.11,12

A apostasia pode ser evitada

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

 

1 Reis 16.29-34.

 

29 - E Acabe, filho de Onri, começou a reinar sobre Israel no ano

trigésimo oitavo de Asa, rei de Judá; e reinou Acabe, filho de Onri,

sobre Israel em Samaria, vinte e dois anos.

30 - E fez Acabe, filho de Onri, o que era mal aos

olhos do SENHOR, mais do que todos os que foram antes dele.

31 - E sucedeu que (como se fora coisa leve andar nos

pecados de Jeroboão, filho de Nebate), ainda tomou por mulher

a Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidônios; e foi, e serviu a Baal,

e se encurvou diante dele.

32 - E levantou um altar a Baal, na casa de Baal que edificara

em Samaria.

33 - Também Acabe fez um bosque, de maneira que Acabe fez

muito mais para irritar ao SENHOR, Deus de Israel, do que

todos os reis de Israel que foram antes dele.

34 - Em seus dias, Hiel, o betelita, edificou a Jericó; morrendo

Abirão, seu primogênito, a fundou; e, morrendo Segube, seu

último, pôs as suas portas; conforme a palavra do SENHOR,

que falara pelo ministério de Josué, filho de Num.

 

INTERAÇÃO

 

Caro professor, o pastor José Gonçalves — professor de Teologia,

escritor e vice-presidente da Comissão de Apologética da CGADB

— é o comentarista das Lições Bíblicas deste trimestre. O tema

que será abordado é “Elias e Eliseu: um ministério de poder

para toda a Igreja”. Estudaremos a vida desses profetas e

veremos que ela é um divisor de águas no ministério e na

historiografia judaica. Elias e Eliseu deixaram um legado

de poder, ousadia, santidade e abnegação à sua posteridade.

A partir de seus ministérios, podemos ver florescer Isaías,

Jeremias, Ezequiel, Daniel e outros santos homens que honraram

o caminho daqueles autênticos profetas do Senhor.

 

OBJETIVOS

 

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

  • Identificar as causas e os agentes da apostasia
  • em Israel.
  • Conscientizar-se sobre os perigos da apostasia.
  • Compreender quais foram as consequências da
  • apostasia para Israel.

 

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

 

Professor, para a primeira aula deste trimestre, sugerimos que

você reproduza o esquema abaixo. Utilize-o para apresentar aos

alunos um panorama geral da vida de Elias e Eliseu. Inicie

a aula traçando as principais características desses profetas

bíblicos. Diga à classe, que mesmo diante de uma sociedade

apóstata, Elias e Eliseu obedeceram ao Senhor. Eles porfiaram

por realizar a vontade de Deus contra quaisquer prejuízos.

 

 

 

COMENTÁRIO

 

introdução

 

Palavra Chave

Apostasia: Abandono ou deserção da fé.

 

Podemos afirmar, com segurança, que um dos períodos

mais sombrios na história do reino do Norte, também

denominado “Israel”, ocorreu durante o reinado de Acabe,

filho de Onri. Acabe governou entre os anos 874 e 853

a.C, e o seu reinado foi marcado pela tentativa de conciliar

os elementos do culto cananeu com a adoração israelita.

Uma primeira leitura dos capítulos 16.29 — 22.40 do livro

de 1 Reis, revela que essa mistura foi desastrosa para o povo

de Deus. Na prática, o culto ao Deus verdadeiro foi

substituído pela adoração ao deus falso Baal, trazendo

como consequência uma apostasia sem precedentes e pondo

em risco até mesmo a verdadeira adoração a Deus.

 

I. AS CAUSAS DA APOSTASIA

 

1. Casamento misto. O texto bíblico põe o casamento

misto de Acabe com Jezabel, filha de Etbaal rei dos sidônios,

como uma das causas da apostasia no reino do Norte. O relato

bíblico destaca que Acabe “tomou por mulher a Jezabel, filha

de Etbaal, rei dos sidônios; e foi e serviu a Baal, e o adorou”

(1 Rs 16.31).Foi em decorrência desse casamento pagão que a

idolatria entrou com força em Israel. Embora se fale de um

casamento político, as consequências dele foram na verdade

espirituais. A mistura sempre foi um perigo constante na

história do povo de Deus. Os crentes devem tomar todo o

cuidado para evitar as uniões mistas. A Escritura, tanto no

Antigo como em o Novo Testamento, condena esse tipo de

união (Dt 7.3; 2 Co 6.14,15).

2. Institucionalização da idolatria. A união de Acabe

com Jezabel demonstrou logo ser desastrosa, pois através

de sua influência, Acabe “levantou um altar a Baal,

na casa de Baal que edificara em Samaria” (1 Rs 16.32). A

institucionalização da idolatria em Israel fica evidente

quando o autor sagrado destaca que também Acabe “fez

um poste-ídolo, de maneira que cometeu mais abominações

para irritar ao Senhor, Deus de Israel, do que todos os reis

de Israel que foram antes dele” (1 Rs 16.33). Não há dúvida

de que o culto a Baal estava suplantando o verdadeiro culto

a Deus. Havia uma idolatria financiada pelo Estado.

Vez por outra temos visto Satanás tentando se valer do

poder estatal para financiar práticas que são contrárias aos

princípios cristãos. Por isso devemos orar pela nação para

que ela seja um canal de bênção e não de maldição.

 

 

SINOPSE DO TÓPICO (I)

 

Tanto no Antigo como em o Novo Testamento as

Escrituras condenam o casamento misto.

 

 

II. OS AGENTES DA APOSTASIA

 

1. Acabe. Onri, pai de Acabe e rei de Israel que reinou

entre os anos 885 e 874 a.C, foi um grande administrador,

tanto na política interna como na externa de Israel.

Mas foi um desastre como líder espiritual do povo de

Deus (1 Rs 16.25,26). O pecado de Acabe foi andar

nos caminhos idólatras de seu pai, que foi um seguidor

de Jeroboão, filho de Nebate (1 Rs 16.26) e também ter

aderido aos maus costumes dos cananeus, trazidos por

sua esposa, Jezabel (1 Rs 16.31). Esse fato fez com que

Acabe se tornasse um instrumento muito eficaz na

propagação do culto idólatra a Baal. Devemos ser imitadores

do que é bom e não daquilo que é mau.

2. Jezabel. De acordo com o relato de 1 Reis 18.19,

Jezabel trouxe para Israel seus deuses falsos e

também seus falsos profetas. Teve uma verdadeira

obstinação na implantação da adoração a Baal em

território israelita. Foi sem dúvida alguma uma agente

do mal na tentativa de suprimir ou acabar de vez com

o verdadeiro culto a Deus. Não fosse a intervenção do

Senhor através dos profetas, em especial Elias, ela

teria conseguido o seu intento. O Senhor sempre conta

com alguém a quem Ele levanta em tempos de crise.

 

 

SINOPSE DO TÓPICO (II)

 

Em Israel, Acabe e Jezabel foram os agentes mais

eficazes da apostasia.

 

 

III. AS CONSEQUÊNCIAS DA APOSTASIA

 

1. A perda da identidade nacional e espiritual.

As palavras de Elias: “Até quando coxeareis entre dois

pensamentos?” (1 Rs 18.21), revela a crise de identidade

dos israelitas do reino do Norte. A adoração a Baal havia

sido fomentada com tanta força pela casa real que o

povo estava totalmente dividido em sua adoração.

Quem deveria ser adorado, Baal ou o Senhor? Sabemos

pelo relato bíblico que Deus havia preservado alguns

verdadeiros adoradores, mas a grande massa estava

totalmente propensa à adoração falsa. A nação que sempre

fora identificada pelo nome do Deus a quem servia, estava

agora perdendo essa identidade.

2. O julgamento divino. É nesse cenário que aparece a

figura do profeta Elias predizendo uma seca que duraria

cerca de três anos (1 Rs 17.1; 18.1). A fim de que a nação

não viesse a perder de vez a sua identidade espiritual e até

mesmo deixar de ser vista como povo de Deus, o Senhor

enviou o seu mensageiro para trazer um tratamento de

choque à nação. Julgamento semelhante ocorre durante

o reino de Jeorão, filho de Josafá e genro de Acabe, que

recebe uma carta do profeta Elias. Nela é anunciado o

juízo divino sobre a sua vida e reinado (2 Cr 21.12-15).

O Senhor mostrou claramente que a causa do julgamento

estava associada ao abandono da verdadeira fé em Deus.

Tempos depois o apóstolo dos gentios irá nos lembrar da

necessidade de nos corrigirmos diante do Senhor (1 Co 11.31,32).

 

 

SINOPSE DO TÓPICO (III)

 

As consequências da apostasia à nação de Israel foram duas:

a perda da identidade nacional (e espiritual) e o julgamento divino.

 

 

IV. APOSTASIA

 

1. Um perigo real. A apostasia era algo bem real no reino

do Norte. Estava espalhada por toda parte. Na verdade a

palavra apostasia significa, segundo os léxicos, abandonar

a fé ou mudar de religião. Foi exatamente isso que os

israelitas estavam fazendo, estavam abandonando a

adoração devida ao Deus verdadeiro para seguirem aos

deuses cananeus.

Em o Novo Testamento observamos que os cristãos são

advertidos sobre o perigo da apostasia! Na Epístola aos

Hebreus o autor coloca a apostasia como um perigo real e

não apenas como uma mera suposição (Hb 6.1-6). Se o

cristão não mantiver a vigilância é possível sim que ele venha

a naufragar na fé.

2. Um mal evitável. Já observamos que Acabe foi um

rei mau (1 Rs 16.30). Em vez de seguir os bons exemplos,

como os de Davi, esse monarca do reino do Norte

preferiu seguir os maus exemplos. O cronista destaca

que “ninguém houve, pois, como Acabe, que se vendeu

para fazer o que era mal perante o Senhor, porque Jezabel

sua mulher, o instigava” (1 Rs 21.25), Ainda de acordo

com esse mesmo capítulo, Acabe se contristou quando

foi repreendido pelo profeta, mas parece que foi um

arrependimento tardio (1 Rs 21.17-29). Tivesse ele tomado

essa atitude antes, o seu reinado teria sido diferente.

Por que não seguir os bons exemplos e assim evitar o

amargor de um arrependimento tardio?

 

 

SINOPSE DO TÓPICO (IV)

 

A apostasia é um perigo real, mas também é um

mal evitável através da vigilância do crente.

 

 

CONCLUSÃO

 

Ficou perceptível nessa lição que a apostasia no reino

do Norte pôs em perigo a existência do povo de Deus

durante o reinado de Acabe. A sua união com Jezabel

demonstrou ser nociva não somente para Acabe, que

teve o seu reino destroçado, mas também para o povo

de Deus, que por muitos anos ficou dividido entre

dois pensamentos em relação ao verdadeiro culto.

As lições deixadas são bastante claras para nós: não

podemos fazer aliança com o paganismo mesmo

que isso traga algumas vantagens políticas ou sociais;

a verdadeira adoração a Deus deve prevalecer sobre

toda e qualquer oferta que nos seja feita. Mesmo

que essas ofertas tragam grandes ganhos no presente.

Todavia nada significam quando mensuradas pela régua

da eternidade.

 

VOCABULÁRIO

 

Abjuração: Renúncia solene a fé; a doutrina; a opinião.

 

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA

 

Dicionário Bíblico Wycliffe. 1 ed., RJ: CPAD, 2009.
HARRISON, R. K. Tempos do Antigo Testamento:

Um Contexto Social, Político e Cultural. 1 ed., RJ: CPAD, 2010.
MERRIL E. H. História de Israel no Antigo Testamento

 O reino de sacerdotes que Deus colocou entre as nações. 6 ed.,

RJ: CPAD, 2007.

 

EXERCÍCIOS

 

1. De acordo com a lição, quais foram as causas da apostasia?

R. O casamento misto e a institucionalização da idolatria.

 

2. De que forma Acabe e Jezabel se tornaram agentes da

apostasia em Israel?

R. Promovendo a adoração ao falso deus Baal e procurando

suplantar o verdadeiro culto a Deus.

 

3. A apostasia trouxe como consequência a perda da identidade

nacional e o julgamento divino. De que forma Deus usou Elia

s para atuar nesse processo?

R. Deus usou o profeta para predizer um período de grande

fome e dessa forma fazer o povo refletir sobre o seu pecado.

 

4. Sobre o rei Acabe, o que o cronista destaca?

R. Que “ninguém houve, pois, como Acabe, que se vendeu

para fazer o que era mal perante o Senhor, porque Jezabel

sua mulher, o instigava” (1 Rs 21.25).

 

5. Faça um breve comentário sobre os perigos da apostasia.

R. Resposta pessoal.

 

AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO I

 

Subsídio Lexicográfico

 

“Apostasia

[Do gr. apostásis, afastamento] Abandono premeditado

e consciente da fé cristã. No Antigo Testamento, não

foram poucas as apostasias cometidas por Israel. Só

em Juízes, há sete desvios ou abjuração da verdadeira

fé em Deus. Para os profetas, a apostasia constitui-se

num adultério espiritual. Se a congregação hebreia

era tida como a esposa de Jeová, deveria guardar-lhe

fielmente os preceitos, e jamais curvar-se diante dos

ídolos.

Jeremias e Ezequiel foram os profetas que mais

enfocaram a apostasia israelita sob o prisma das

relações matrimoniais.

No Primitivo Cristianismo, as apostasias não

eram desconhecidas. Muitos crentes de origem

israelita, por exemplo, sentindo-se isolados da

comunidade judaica, deixavam a fé cristã, e voltavam

aos rudimentos da Lei de Moisés e ao pomposo cerimonial

levítico.

Há que se estabelecer, aqui, a diferença entre apostasia

e heresia. A primeira é o abandono premeditado e

completo da fé; a segunda, é a abjuração parcial dessa

mesma fé” (ANDRADE, C. C. Dicionário Teológico.

13 ed., RJ: CPAD, 2004, pp.56,57).

 

AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO II

 

Subsídio Biográfico

 

“ELIAS

Elias foi chamado para servir como porta-voz de Deus na

ocasião em que o reino do norte havia alcançado sua mais f

orte posição econômica e política desde a separação feita

pelo governo davídico em Jerusalém.

[...] Sua primeira missão foi enfrentar o rei Acabe com

o aviso de uma seca iminente, lembrando que o Senhor

Deus de Israel, a quem ele havia ignorado, tinha o controle

da chuva na terra onde viviam (Dt 11.10-12). Em

seguida, Elias isolou-se e caminhou em direção a leste

do Rio Jordão. Nesse lugar, ele foi sustentado pelas

águas do ribeiro de Querite e pelo pão e carne milagrosamente

fornecidos pelos corvos. É possível que esse ‘ribeiro’

(nahal) seja o profundo vale do Rio Jarmuque, ao

norte de Gileade. Quando o suprimento de água terminou

por causa da seca, Elias foi divinamente instruído a

ir até Sarepta, na Fenícia, onde seria sustentado por

uma viúva cuja reserva de farinha e óleo havia

sido milagrosamente aumentada até que a estação

das chuvas fosse restaurada à terra. A identidade de

Elias como profeta ou homem de Deus foi confirmada

pela divina manifestação quando o filho da viúva foi

restaurado à vida” (Dicionário Bíblico Wycliffe. 1 ed.,

RJ: CPAD, 2009, pp.628-29).

 

“ELISEU

[...] Seu ministério profético cobriu toda a última metade

do século IX a.C, atravessando os reinados de Jorão,

Jeú, Jeoacaz, e Joás, do reino do Norte. Sua influência

estendia-se desde uma viúva endividada (2 Rs 4.1) até

um homem rico e proeminente (4.8) e mesmo até dentro

do próprio palácio de Israel (5.8; 6.9; 12, 21, 22; 6.32 —

7.2; 8.4; 13.14-19). Além disso, outros reis (Josafá de Judá,

2 Reis 3.11-19, Ben-Hadade da Síria, 8.7-9) e altos funcionários

do exército sírio (5.1,9-19) procuravam sua ajuda.

Diferentemente de Elias que tinha uma tendência ao

ascetismo, e a se afastar dos olhos do público, Eliseu

viveu próximo às pessoas que servia, e gostava da vida

social. Tinha uma casa em Samaria, a capital (2 Rs 6.32),

mas viajava constantemente pelo país, tal como Samuel

havia feito antes dele. Frequentemente parava para

visitar seus amigos em Suném. Exatamente como

Jesus fez, mais tarde, muitas vezes com Maria e Marta.

Eliseu chorou quando falou com Hazael, pois conhecia

muito bem o cruel sofrimento que este causaria a Israel

(2 Rs 8.11,12). [...] É evidente que muitos aspectos da

pessoa e da obra de Eliseu são capazes de reproduzir

em muitos aspectos o caráter e o ministério de nosso

Senhor” (Dicionário Bíblico Wycliffe. 1 ed., RJ: CPAD,

2009, p.633).

 

SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO

 

A apostasia no Reino de Israel

 

Neste trimestre estudaremos relatos relacionados aos

profetas Elias e Eliseu.

Para que não incorramos em erros de interpretação,

é prudente situar historicamente o texto desta aula e

das demais. A nação de Israel, depois do reinado de

Salomão, dividiu-se em dois reinos independentes:

Judá, ao Sul, e Israel, ao Norte. Cada nação teve sua

cota de profetas enviados por Deus para tratar

de questões como justiça social, afastamento do

pecado e de uma aproximação sincera para com Deus.

A figura dos profetas era essencial nos dois reinos.

Deus havia instituído o sacerdócio para conduzir o

culto a Ele, e também permitiu a instauração da

monarquia como uma forma de governo administrativo

. Ambos deveriam funcionar de maneira coerente, e

quando isso não ocorria, Ele enviava seus profetas.

Elias viveu em Israel, um reino que se tornou conhecido

por sua liderança ímpia, com diversos reis que se

desviaram dos caminhos do Senhor e levaram o povo

pelas mesmas práticas.

Aqui é necessário fazer algumas observações sobre a

liderança e seu poder.

A primeira refere-se à capacidade de um líder de conduzir

um povo a Deus ou não. O rei de Israel nos dias de

Elias era Acabe, um homem que não havia inclinado

seu coração para o Senhor, e que se casou com uma

mulher ímpia, Jezabel. Esse casal não apenas adorou

outros deuses, mas também matou os profetas de

Jeová, além de cometer graves injustiças sociais. Basta

dizer, por exemplo, que um homem chamado Nabote,

que possuía uma vinha ao lado do palácio, por não desejar

vender sua propriedade ao rei de Israel, foi morto

sob acusação de ter blasfemado contra o Senhor.

É curioso ver que Jezabel amava a Baal e o adorava,

e matou muitos profetas do Senhor, mas quando

lhe pareceu conveniente, usou o nome do Senhor para

matar um desafeto. Líderes que perdem o temor do

Senhor tendem a desviar pessoas com seu mau

exemplo. Temos que ter cuidado para não julgar

pessoas que nos são desafetas utilizando o nome do

Senhor como uma forma de esconder nossa ira por trás

de um motivo “santo”.

A segunda observação refere-se ao cuidado com

casamentos mistos, e o quanto eles podem ser perniciosos.

Acabe era um israelita, mas não se preocupou em

obedecer a lei de Deus no tocante ao casamento,

e casou com uma mulher má. Um casamento fora

da vontade de Deus pode nos conduzir para longe dEle.

 

 

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Lição 2

 

 

Lição 2 - Elias, o Tisbita


ELIAS, O TESBITA

Neste capítulo estudaremos de uma forma mais detalhada os fatos relacionados

à vida e a obra de um dos maiores personagens da história bíblica: Elias, o tesbita!

Elias aparece nas páginas da Bíblia como se viesse do nada. De fato, a Escritura

silencia-se a respeito da identidade de seus pais e também de sua parentela,

apenas diz que ele era tesbita,dos moradores de Gileade (1 Rs 17.1-7)! Parece

pouca informação para um homem que irá ocupar um grande espaço na

literatura bíblica posterior. Raymond B Dillard (2011, p.21), destaca que

“Elias aparece em cena de maneira surpreendentemente repentina. Ele

é apresentado sem qualquer informação sobre sua vida anterior, sem referência

à sua família ou tribo em Israel, e até mesmo seu lugar de nascimento (Tisbe) não

é conhecido ao certo ainda hoje. Não lhe é atribuída nenhuma linhagem elaborada,

por meio da qual talvez pudéssemos identificá-lo no registro social do antigo Israel,

e não é mencionado nenhum grupo específico do qual ele pudesse ser considerado

o porta-voz; habitava em Gileade, uma área periférica no antigo Israel, isolada do

outro lado do Jordão. Ele não tinha fama nem notoriedade, nenhuma influência política

específica, não tinha credenciais para comandar um interrogatório, nenhum título

acadêmico acompanhando o seu nome”.1

Todavia é esse homem enigmático que protagoniza os fatos mais impactantes na

história do profetismo de Israel. Isso acontece quando denuncia os desmandos do

governo dos seus dias e desafia os falsos profetas que infestavam o antigo Israel.

O expositor bíblico Oracio Simian Yofre (2010, pp. 516,517) observa que “do ponto

de vista da história da religião de Israel, a importância do profeta Elias reside no fato

de que com ele se chega a um novo nível no desenvolvimento da profecia bíblica. De

modo mais claro do que acontece com Balãao ou Natã, estabeleceu-se em Elias a

clara distinção entre o profeta escolhido pela vontade divina explícita e os grupos

proféticos (ou escolas proféticas), movimentos carismáticos mais ou menos espontâneos,

dos quais nos falam outros textos do Antigo Testamento. Com efeito, os profetas do

tempo de Elias e também os anteriores mostram-se como um grupo (1 Sm 10.5,10-13; 2 Rs 10.19);

estão ligados a um lugar de culto (um lugar alto ou bamah 1 Sm 9.12) ou mais propriamente

a um santuário (Guibeá: 1 Sm 10,5.10; Shiló: 1 Sm 3.1921); atuam em êxtase profético

(1 Sm 19,18-24); muitas vezes ocasionados pela música (2 Rs 3.15) e pela dança

(1 Rs 18.26-29). A eles pertence a interrogação sobre o futuro (1 Sm 28,4-7; 1 Rs 14,1-18).

Elias se encontra, porém, mais próximo dos profetas individuais dos “tempos novos”

(profetas “escritores” a partir do séc. VIII) do que das escolas proféticas. Com Elias se

atinge assim alguns traços do profetismo que permanecerão estáveis no desenvolvimento

ulterior da profecia bíblica”.2

A identidade de Elias
Seu nome, sua terra e sua gente
Como vimos, o relato sobre a vida do profeta Elias inicia-se com uma declaração sobre

a sua pessoa, sua terra e seu povo: “Então, Elias, o tesbita, dos moradores de Gileade”

(1 Rs 17.1). O nome Elias, deriva do termo hebraico Helohim, traduzido como Deus.

Helohim aparece muitas vezes na sua forma abreviada El. Por outro lado, a palavra

Jah é uma abreviação hebraica para o Iahvé, o nome impronunciável de Deus para os

judeus. Dessa forma o nome “Elias” é uma combinação das abreviaturas dos nomes

El (Deus) e Jah (Senhor). Quando levamos em conta o pronome possessivo hebraico,

a tradução do nome Elias é O Senhor é o meu Deus ou ainda Meu Deus é Jeová.

Elias era de Tisbe, um lugarejo situado na região de Gileade e a leste do rio Jordão.3

Esse lugar não aparece em outras passagens bíblicas, mas é citado somente no

contexto do profeta Elias (1 Rs 21.17; 2 Rs 1.3,8; 9.36). Charles R. Swindoll (2010, pp. 28,29)

destaca que Gileade, região onde vivia o profeta Elias, “era um lugar solitário e de vida ao

ar livre, onde seus habitantes eram provavelmente rudes, queimados do sol, musculosos

e fortes. Nunca foi um lugar de educação, sofisticação e diplomacia. Era uma terra árida,

e muitos acham que a aparência de Elias tinha muita relação com sua terra. Seus hábitos

beiravam o grosseiro e o áspero, o violento e o severo — não muito diferente de outros

personagens fortes que Deus introduzira na cena em certos momentos da história de um

mundo insuspeito. Estes personagens podem não ter muitos amigos, mas uma coisa é certa:

eles não são ignorados. Os profetas são sempre assim”.4

Elias se tornou muito maior do que o meio no qual vivia. Na verdade não foi Tisbe que deu

nome a Elias, mas foi Elias que colocou Tisbe no mapa! “Elias foi um grande campeão de

Deus. Sua vitória estava no fato de que ele fazia o que Deus lhe ordenava e confiava que

Deus não o decepcionaria. A vida de Elias nem sempre transcorreu tranquila. Ele viveu em

uma época de grande corrupção política, moral e espiritual. A sua vitória é prova de que o

crente pode ser vencedor, mesmo que tenha de viver e trabalhar entre ímpios. Quanto

maiores são as trevas, maior é o brilho da luz (Mt 5.14-16)”.5

Davi, Pedro, Paulo, também construíram uma história cheia de sentido e significância. Da

mesma forma Gunnar Vingren, Daniel Berg, Emílo Conde, etc. Todos nós deveríamos

imitá-los e viver de tal modo que a nossa história se tornasse um testemunho para a posteridade.

Sua fé e seu Deus
Para termos uma compreensão sobre o lugar que o Deus de Israel ocupa no contexto

dos profetas Elias e Eliseu, se faz necessário entendermos a teologia dos livros dos Reis.

A teologia desse livro mostra claramente que há um único Deus bem como um único

local de adoração, o Templo. Thomas Ro-mer (2010, p.377) destaca que “a veneração

do Senhor em Betei ou em Dan constitui o “pecado de Jeroboão” (2 Rs 10.30). Seu culto

em outros “lugares altos” e sua veneração em companhia de Baal, de Ashera ou outras

divindades caracterizam o “pecado dos pais” (isto é, dos reis anteriores, cf. 1 Rs 15.3).

A ideologia de Reis é, portanto, antipoliteísta, exclusivista e antissamaritana”.6

Elias era um homem comprometido com a adoração verdadeira. Como um israelita

professava sua fé no Deus verdadeiro que através da história havia se revelado ao seu

povo. Com o desenrolar dos fatos, vemos o profeta afirmando essa verdade. Quando

ele desafiou aos profetas de Baal, orou: “Ó Senhor, Deus de Abraão, de Isaque e de

Israel, fique, hoje, sabido que tu és Deus em Israel e que eu sou teu servo e que

segundo a tua palavra fiz todas essas coisas” (1 Rs 18.36).

Essa oração do profeta revela pelo menos três fatos que são cruciais no contexto

do livro de 1 Reis:

1. Uma teologia correta sobre a divindade — “Tu és Deus”. O deus Baal existia na

mente do povo, mas ele não era Deus. Se a teologia do povo estava errada, então

sua crença forçosamente também estava. Sem uma teologia correta a fé fica deformada.

Elias procura corrigir esse aleijão da fé israelita quando chama-lhes a atenção para o

fato de uma única divindade — essa divindade é o Deus dos patriarcas.


Infelizmente os problemas com as igrejas evangélicas hoje também estão no campo

teológico.Uma teologia deformada, onde Deus é entendido como um grande garçom

a serviço dos mais variados desejos, sem dúvida alguma é a grande responsável

pelo processo de fragmentação que ora passamos. Estamos crescendo, mas é

um crescimento com espumas.

2. Uma correta antropologia — “Eu sou teu servo". As culturas pagãs possuíam não

só uma teologia errada, mas também uma antropologia errada. Sem uma compreensão

adequada do papel do homem na religião, se torna muito fácil o culto se perverter.

O estudo das religiões comparadas revela que os homens são divinizados e os deuses

humanizados.

Nos dias de Elias, Baal era o deus não apenas da natureza, mas também da fertilidade.

Nesses rituais era natural a prostituição como parte do culto. Onde a teologia está

errada, a antropologia também está. Merrill F. Unger (2008, p. 174) comenta que

“os textos ugaríticos de Ras Shamra (Ugarite), datados do século XIV a.C., mostram

Baal como filho de El, o rei do panteão cananeu, deus da chuva e da tempestade.

Em Ugarite, a consorte de Baal era sua irmã, Anat, mas na Samaria do século 9o a.C.,

Aserá assume esse posto (18.19). Como Anat, ela era a padroeira do sexo e da guerra.

Culto à serpente, prostituição masculina e feminina, assassinato e sacrifícios de

crianças e todo vício concebível estavam associados à religião Cananeia. Os sacerdotes

e profetas de Baal eram assassinos oficiais de criancinhas, por isso mereceram a morte

(18.40).7

3. Uma correta bibliologia — “Conforme a tua Palavra fiz essas coisas”. O desprezo

à Palavra de Deus esposada nos livros da Lei de Moisés sem dúvida fora a causa

dessa apostasia. Os erros na teologia, antropologia ou em qualquer outra área da fé,

tem sua origem numa compreensão inadequada da Palavra de Deus. Antonio Vieira,

escritor do século XVI, costumava dizer que a Palavra de Deus quando dita no sentido

daquilo que Deus disse, é a Palavra de Deus.Todavia quando dita no sentido daquilo

que Deus não disse, são antes palavras do demônio. De fato existem milhares de cultos

e crenças usando a Bíblia nos seus rituais. Todavia a Bíblia pregada por eles não são

a Palavra de Deus, porque são ditas no sentido daquilo que Deus não disse. São

interpretações para apoiar uma doutrina ou crença equivocada. São palavras do demônio.8

O ministério profético de Elias

Sua vocação e chamada
Em suas notas homiléticas sobre a Missão do profeta Elias, a obra The Pulpit Commentary destaca:

1. De onde foi derivada.
Ele não foi ensinado por homem. Ele era inculto e iletrado. O Deus que o separou

desde o ventre de sua mãe o chamou pela sua graça. Ele era um mensageiro

extraordinário para uma grande emergência. Mas observe: quando Deus usa tal

mensageiro, homens cuja missão é derivada diretamente do alto, os “sinais de

um apóstolo” são realizadas por eles. Nós não somos obrigados a ouvir um anjo do

céu, a menos que ele nos mostre as suas credenciais.

2. Quando foi conferida.
(1) Foi quando a iniquidade abundava. Quando Hiel tinha construído Jericó; quando

Acabe levantou um templo para Baal; quando Jezabel reuniu seu exército de falsos

profetas; quando a fé dos eleitos de Deus estava em perigo. A hora mais escura é

sempre antes do amanhecer.

(2) Quando os meios ordinários eram insuficientes. Havia verdadeiros sacerdotes

em Jerusalém; havia “filhos dos profetas”, provavelmente em Betei e Samaria;

havia sete mil fiéis em Israel, mas o que eram estes contra uma rainha como

 Jezabel, contra toda essa propaganda e um sistema como o dela? A próprie

xistência do povo de Deus estava em jogo. Elias foi convocado para fazer um julgamento, ele estava armado com “poder de fechar o céu que não choveu nos dias de sua profecia”. Somente a luz da verdade, a luz que iluminou a escuridão do mundo, preservou a nação da extinção total.9

A vocação e chamada de Elias foram, portanto, divinas da mesma forma como foram as vocações e chamadas dos demais profetas canônicos. Esse fato é logo percebido quando vemos o profeta Elias colocar Deus como a fonte por trás de suas enunciações proféticas: “Tão certo como vive o Senhor, Deus de Israel, perante cuja face estou” (1 Rs 17.1). Em outra passagem bíblica Elias diz que suas ações obedeciam diretamente a uma determinação divina (1 Rs 18.36). Somente um profeta chamado diretamente pelo Senhor poderia falar dessa forma.

A vocação de Elias se manifesta em um contexto onde:
1. Não havia referenciais — no antigo Israel os reis não agiam apenas como governantes do povo, mas também como referencial espiritual. Quando um rei fazia o que era mau aos olhos do Senhor, as consequências de suas ações eram logo sentidas pelo povo. Se havia uma apostasia generalizada, como de fato havia, isso se devia a falta de um modelo ou referencial para seguir. Acabe com sua esposa, Jezabel, infelizmente eram modelos, mas modelos de um culto idólatra. E nesse contexto que Deus levanta o profeta de Tisbe para trazer o povo novamente para o verdadeiro modelo de adoração. Elias se torna uma referência.

2. Havia uma privatização do ministério profético — Logo que chegou à posição de rainha em Israel, Jezabel empreendeu uma campanha para exterminar os profetas do Senhor (1 Rs 18.4). O holocausto só não foi total porque o Senhor preservou os sete mil que não se dobraram diante de Baal (1 Rs 19.18). No lugar dos verdadeiros profetas, Jezabel pôs seus profetas particulares: “Vendo-o, disse-lhe: És tu, ó perturbador de Israel? Respondeu Elias: Eu não tenho perturbado a Israel, mas tu e a casa de teu pai, porque deixastes os mandamentos do Senhor e seguistes os baalins. Agora, pois, manda ajuntar a mim todo o Israel no monte Carmelo, como também os quatrocentos e cinquenta profetas de Baal e os quatrocentos profetas do poste-ídolo que comem da mesa de Jezabel”(l Rs 18.17-19).

Os profetas que “comiam da mesa de Jezabel” eram aqueles aos quais ela havia alugado. Eram profetas comprados, profetizavam somente o que ela e seu marido gostavam de ouvir. O verdadeiro profeta não se vende porque nenhuma profecia parte da vontade humana (2 Pe 1.20). Nenhum sistema é profético e nenhum profeta se rende ao sistema. Os profetas do Senhor geralmente dizem coisas que não queremos ouvir, mas que precisamos ouvir. Eles não satisfazem vontades, mas necessidades. É um perigo quando nos cercamos de “profetas particulares” que estão sempre amaciando o nosso ego.

Ninguém gosta de ser confrontado, mas a crítica também faz parte do nosso crescimento. Quando o cristão cai na tentação de se autoviti-mar, ficando sempre na defensiva achando que todos estão contra ele, então corre um sério perigo. Ele corre o risco de rejeitar um conselho divino apenas porque ele veio na forma de confronto ou crítica. Evidentemente não podemos viver em função das críticas, mas não devemos nos fechar ao ponto de não vermos em algumas delas um instrumento divino para nos corrigir.

Aprecio o que escreveu John Maxwell (2002, pp.151-156) sobre como tratar corretamente com as críticas:

“Não veja somente o crítico; veja se há uma multidão”. A história a seguir ilustra esse ponto: A Sra. Jones convidou um grande e famoso violonista para entreter o seu chá de tarde. Quando ele acabou a sua apresentação, todos se aglomeraram ao redor. “Eu tenho que ser honesto com você”, disse um dos convidados: “Eu acho que o seu desempenho foi absolutamente terrível. Ouvindo aquela crítica, a anfitriã interpôs: não preste atenção nele. Ele não sabe o que está dizendo. Ele só repete o que ouve de todo mundo. Eu estou sugerindo que você amplie sua visão; vá além do crítico e veja se ele possui um pouco de humor. Considere a possibilidade de que você está ouvindo a mesma crítica de várias pessoas. Se este é o caso, e os críticos estiverem certos, então você precisa perceber que tem um desafio a encarar.”10

A natureza do seu ministério
A natureza divina e, portanto, sobrenatural do ministério do profeta Elias é atestada pela inspiração e autoridade que o acompanhavam. A história do profeta de Tisbe é uma história de milagres. De fato, o primeiro livro dos livros de Reis atribui ao profeta Elias sete grandes milagres: Elias faz cessar as chuvas; multiplica a comida da viúva; restaura à vida o filho da viúva; faz descer fogo do céu no monte Carmelo; restaura as chuvas; invoca fogo sobre soldados e divide as águas do Jordão.11 E, portanto, uma história de intervenções divinas no Reino do Norte. Encontramos por toda parte nos livros de Reis as marcas da inspiração profética no ministério de Elias. Isso é facilmente confirmado pelo cronista bíblico quando se refere à morte de Jezabel (2 Rs 9.35,36). Assim como Elias predisse, aconteceu! Elias possuía inspiração e autoridade espiritual.

Mas não são somente os milagres e a inspiração divina os elementos autenticadores do ministério profético de Elias, mas o seu caráter também. As palavras de Elias eram autenticadas por suas ações. Os falsos profetas também possuem uma certa margem de acertos em suas predições, todavia as suas práticas distanciadas da Palavra de Deus são quem os desqualificam. Elias, portanto, possuía carisma e caráter. Podemos então dizer que o caráter pode não ter dado fama a Elias, mas com certeza lhe deu nome (1 Rs 17.1); pode não lhe ter dado notoriedade, mas certamente lhe conferiu autoridade (1 Rs 17.1); não o transformou em herói, mas o fez reconhecido como profeta (1 Rs 17.2,3); e fez com que ele enxergasse Deus até mesmo onde aparentemente Ele não estava (1 Rs 17. 8-9 — foi sustentado por uma mulher, gentia, viúva e pobre). Com acerto, o pastor Claudionor de Andrade (2007, pp.16,17) destaca com muita precisão alguns dos aspectos do caráter de Elias como sendo: “fidelidade; coragem; determinação; obediência; coragem efragilidade. "12

Elias e a monarquia

Buscando a justiça social
Na história do profetismo bíblico observamos a ação dos profetas exortando, denunciando e repreendendo aos reis (1 Rs 18.18). O livro de 1 Reis mostra que o profeta Elias foi o pioneiro a atuar dessa forma. Na verdade, as ações dos profetas revelam uma luta incansável não somente em busca do bem-estar espiritual, mas também social do povo de Deus. Quando um monarca como o rei Acabe se afastava de Deus, as consequências poderiam logo ser percebidas na opressão do povo. A morte de Nabote, por exemplo, revela esse fato de uma forma muita clara (1 Rs 21.1-16). Acabe foi confrontado e denunciado pelo profeta Elias pela forma injusta como agiu!

Os expositores bíblicos Bill T. Arnold e Bryan E. Beyer (2001, pp. 232-234) comentam que:

“O famoso episódio da vinha de Nabote (capítulo 21) ilustra a extensão do pecado de Acabe e sela o seu destino. Nabote era um cidadão cuja propriedade era vizinha ao palácio em Samaria. O rei queria anexar a vinha de Nabote às propriedades reais, mas a antiga lei israelita proibia a venda de uma herança. A ideia pareceu absurda para Nabote (v.3) e Acabe tinha respeito suficiente pela lei para saber que ele não conseguiria fazer Nabote voltar atrás em sua decisão (v.4).

Sendo a filha do rei de Sidom, Jezabel supôs que o rei de Israel deveria estar acima da lei, como era o caso em outros países. Ela tomou para si a responsabilidade de resolver a questão. Mediante traição, engano e o assassinato de Nabote, ela adquiriu a vinha para Acabe. Mais uma vez, o profeta Elias estava lá para anunciar o julgamento (w. 17-24). Acabe “se vendeu para fazer o que era mau perante o Senhor” (v.25; ver também o v. 20). Como resultado disso, Elias declarou que a dinastia de Acabe seria completamente destruída.”13

Restauração do culto
Como vimos, os monarcas bíblicos serviam tanto de guias políticos como espirituais do povo. Quando um rei não fazia o que era reto diante do Senhor, logo suas ações refletiam nos seus súditos (1 Rs 16.30). A religião, portanto, era uma grande caixa de ressonância das ações dos reis hebreus. Nos dias do profeta Elias, as ações de Acabe e sua mulher Jezabel sofreram oposição ferrenha do profeta porque elas estavam pulverizando o verdadeiro culto (1 Rs 19.10). Em um diálogo que teve com Deus, Elias afirma que a casa real havia derrubado o altar de adoração ao Deus verdadeiro e em seu lugar levantado outros altares para adoração aos deuses pagãos. Como profeta de Deus, coube a Elias a missão de restaurar o altar do Senhor que estava em ruínas (1 Rs 18.30).

Matthew Polle (2010, pp. 701,702) comenta que a prioridade do profeta Elias foi reparar o altar. Isso foi feito rapidamente visto que ele pode ter contado com a ajuda do próprio povo. Esse altar foi reparado especificamente para aquele momento. Poole ainda observa que esse altar fora construído pelos antepassados objetivando a oferta do sacrifício, mas por haver sido negligenciado necessitava de reparos. Os danos causados a esse altar, que estava quebrado, pode ter sido feito pelos próprios sacerdotes de Baal ou por seguidores do baalismo que rivalizavam com o culto ao Deus verdadeiro.14

Elias e a literatura bíblica

Nos livros da literatura bíblica de 1 e 2 Reis, a história do profeta Elias deve ser vista em um contexto onde “os profetas são enviados por Javé para exortar a que não se renegue o verdadeiro culto a Javé. Ele dispõe de poderes milagrosos, e sua palavra se realiza. Esse elemento vale também e sobretudo para os seus prenúncios da ruína do reinado e dos estados de Israel e Judá. O arrependimento do rei pode provocar um adiamento da chegada da desgraça (1 Rs 21.17-29; 2 Rs 22.15-20; 2 Rs 20.1-11).”15

No Antigo Testamento

Até aqui vimos que os dois livros de Reis e uma porção do livro das Crônicas trazem uma ampla cobertura do ministério profético de Elias. O Antigo Testamento mostra que com Elias tem início a tradição profética dentro do contexto da monarquia. Foi Elias que abriu caminho para outros profetas que vieram depois dele. Mas Elias não possuía apenas um ministério de cunho profético e social. Seu ministério também é usado na literatura bíblica em um sentido escatológico. O profeta Malaquias predisse o aparecimento de Elias antes “do grande e terrível dia do Senhor” (Ml 4.5).

No Novo Testamento

Em o Novo Testamento encontramos vários textos associados à pessoa e ministério do profeta Elias. Jesus identifica João, o batista, como aquele que viria no espírito e poder de Elias (Lc 1.17; Mt 1.14; 17.10-13). No monte da transfiguração, o evangelista afirma que Elias e Moisés falavam com o Salvador acerca da sua “partida” (Mt 17.3). Quando o Senhor censurou a falta de fé em Israel, ele trouxe como exemplo a visita que Elias fizera à viúva de Sarepta (Lc 4.5-26). No judaísmo dos tempos de Jesus, Elias era uma figura bem popular devido aos feitos miraculosos, o que levou alguns judeus a acharem que Jesus seria o Elias redivivo (Mt 16.14; Mc 6.15; 8.28).16

Os comentaristas bíblicos observam que os capítulos 17 à 22 do livro de 1 Reis, que cobre o período do reinado de Acabe, mostra que o declínio religioso termina com arrependimento ou julgamento divino. De fato observamos que a mensagem profética de Elias visava primeiramente a produção de arrependimento e não a manifestação da ira divina. Isso é visto claramente quando Acabe se arrepende e o Senhor adia o julgamento que havia sido profetizado para os seus dias (1 Rs 21.27-29). Fica, pois, a lição para nós revelada na história do profeta Elias, que a graça de Deus é maior do que o pecado e suas consequências.

Fomos alcançados por essa graça!

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Primeiro Blog

01/10/2011 06:46
EBDMINISTREECIA.WEBNODE.COM.BR TODOS OS INTERLIGADO A NOSSA  EQUIPE EBD E O MUNDO TEOLOGICO E AMIGOS.

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